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terça-feira, 15 de outubro de 2013

Hoje recebi essa raridade de uma grande amiga e poetisa cearense que mora em sergipe e tinha que compartilhar com vocês...

Hoje amanheci vestida de uma saudade de outros. Dias de estudante lá do primário. Uma escola pobre da área rural do Ceará, onde não me lembro de nenhuma visita do MS. Paulo Freire, e do mesmo modo, desconfio, que as teorias de Piaget não estiveram presentes em nossas cirandas. Lembro que minha escola não tinha banheiro, e nós esperávamos a hora do recreio para irmos ao matinho que ficava no entorno da escola. Nossa escolinha não tinha biblioteca, área de lazer e a merenda nem sempre existia, nossos pais ainda pagavam uma taxinha para que estudássemos. Mas se Piaget e Paulo Freire, não foram nos ver naqueles rincões, eu posso dizer que não raro nos visitava Monteiro Lobato, Esopo e irmãos Grimm. É certo que fui saber seus nomes muitos anos depois, mas suas histórias nos ajudavam a compreender um mundo para além do quintal de casa. Não tivemos ábaco, globo, mapa mundi e não tinha roda de leitura, tinha a hora de tomar a lição. Mas digo com orgulho que mesmo sem esses recursos e sobre o crivo de um tradicionalismo beirando o autoritarismo, que sou fruto dessa escola, e foi ela que contribuiu para que eu chegasse ao 4º ano sabendo ler, escrever, multiplicar, dividir, somar, subtrair, onde fica a região Nordeste e quais os estados que a compõe... E claro um extremo gosto pela leitura, poesia, e amor por esse País. Em contrapartida, lembro-me de minha mãe sempre a dizer: Respeite sua professora, não brigue com o coleguinha, não pegue nada de ninguém, peça licença, diga obrigada, cadê a lição de casa? Vá estudar... E claro, lembro-me de minha mãe sempre contando boas e velhas histórias de Trancoso, que somente muitos anos depois descobri tratar-se de um escritor português de nome Gonçalo Fernandes Trancoso. Digo isso para ratificar que os problemas estruturais da e na educação brasileira dista de muitos dias atrás. E mesmo sem clamar o retorno do tradicionalismo e nem o descaso com os direitos infantes, creio haver aí um elo perdido entre o ensinar e o aprender, entre o aprender e se encantar pelo aprendizado. Isso tudo é para dizer obrigada as minhas professoras da minha escolinha, de duas salas e sem banheiro. De nome feminino: Escola Maria Aridina Vidal de Andrade, que com sua mágica me ajudaram a ler escrever e me apaixonar pelo o aprendizado. Do mesmo modo agradecer minhas professoras do ensino fundamental e médio, que me apresentaram o fino, o ‘chic’ de nossa cultura. Quando me apresentaram Drummond, Machado de Assis, José de Alencar, Manoel Bandeira, Clarice Lispector... que me fizeram conhecer o engenho de José Lins do Rego. Viajar nos porões de um Navio Negreiro denunciado por Castro Alves e assim compreender os meandros de uma história não contada. tod@s vocês que de alguma forma ajudaram a me compor, meu muito obrigada!!

Daniela Bento

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