Lugar maravilhoso esse nosso sertão, não é mesmo! Pela sua capacidade de renovação merece ser comparado à fênix, a ave que renasce das cinzas! Assim é nosso lugar, durante o período da seca ele "morre" fica somente a cinza. O próprio nome caatinga já significa mata branca, devido ao aspecto de cor acinzentada que a vegetação apresenta durante o período de estiagem, mas basta apenas uma chuva para acontecer uma verdadeira renovação que se transforma em fonte inspiradora para escrevermos vários poemas como esse que segue aí...

O sertanejo se enche de alegria
Quando vê sua mesa com fartura


Quando dá uma chuva no sertão
É bem fácil notar a diferença,
O povo forte renova sua crença
Enfincando as sementes pelo chão.
Muitos deles preparam com a mão
A terrinha que têm pra agricultura,
Depositam a fé numa mistura:

De trabalho, esperança e ousadia,

O sertanejo se enche de alegria

Quando vê sua mesa com fartura.

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Para ter mesa farta o ano inteiro
Sertanejo enfrenta o seu trabalho,
Escaldando no sol como espantalho
E o bolso furado sem dinheiro.
Se mantém muito firme no roteiro,
Não se queixa da vida de amargura,
Mesmo só com pão seco e rapadura
Se anima com a chuva que inicia,
O sertanejo se enche de alegria
Quando vê sua mesa com fartura.

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O desenho que a seca sai pintando
Logo muda a cor com a chuva fina,
pois precisa somente uma neblina
Pro sertão ir por si se desenhando.
O sertanejo que fica observando
Complementa os detalhes da pintura,
Um arco-íris desenha uma moldura,
Deus assina no canto a autoria,
O sertanejo se enche de alegria
Quando vê sua mesa com fartura.

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É tão bom encontrar um sertanejo
Quando a chuva foi boa e houve inverno,
Ele diz me livrei daquele inferno,
Um futuro melhor pra mim já vejo.
O bom Deus atendeu o meu desejo,
Tenho frutos da boa agricultura.
Aponta um paió bem dessa altura,
Emitindo um sorriso que irradia,
O sertanejo se enche de alegria
Quando vê sua mesa com fartura.

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É canjica, pamonha, milho assado,

Feijão verde na roça e na panela,

Angu quente que desce pela "guela"

Igualzinho um vulcão "agoniado".

Tem maxixe e jerimum cozinhado

Pra comer de almoço e de mistura,

Um franguinho assado na quentura

De um fogão que é de lenha e não esfria,

O sertanejo se enche de alegria

Quando vê sua mesa com fartura.

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Não existe melhor que meu sertão,

Não conheço quem mostre aonde é

Outro canto que o homem pela fé

Passa firme e feliz todo o verão.

E apesar de passar por provação

E enfrentar uma vida de tortura,

Basta a chuva cair forte e segura
Que ele esquece os momentos de agonia,
O sertanejo se enche de alegria
Quando vê sua mesa com fartura.
             
                                  Elenilda Amaral